Opinião

“Quem passa a vida ao ar livre descobre que tem responsabilidade na proteção desse meio ambiente.” – Yvon Chouinard

O ponto de chegada, o cume alcançado, o clima austero vencido não servem para nada, são absolutamente inúteis. Isso é o que indica o subtítulo deste documentário que conta a trajetória do californiano Jeff Johnson, que seguiu 180º para o sul, desde a Califórnia até a Patagônia, para surfar e escalar o Cerro Corcovado. O fato de ter chegado ao seu destino 6 meses depois, pouco importa. É só o fechamento de um ciclo. O que realmente importa é tudo aquilo que aconteceu nesse intervalo de tempo, tudo que foi modificado no íntimo de cada pessoa envolvida, toda experiência acumulada, toda lição aprendida, toda vivência sentida. Essa é a verdadeira viagem.

Com esse pensamento e nenhuma pretensão de ser o melhor, o primeiro, o único, Johnson se propõe a sentir a vida das comunidades por onde passa para fazer o mesmo trajeto feito por Yvon Chouinard e Doug Tompkins em 1968 em uma kombi. Por amor ao surfe e às escaladas, eles partiram em direção à Patagônia com a intenção de escalar o Cerro Fitz Roy. Para filmar 180º South – Conquerors of the Useless, o diretor Chris Malloy acompanhou Johnson na sua travessia, idealizada de outra maneira. Feita de veleiro pelo Pacifico, passaram pela Ilha de Páscoa até entrarem no Chile e chegarem nas terras compradas por Doug para proteção do meio ambiente. Hoje, Doug lidera a Conservación Patagonica, uma ONG focada na preservação ambiental e na formação do Parque Nacional da Patagônia, juntamente com sua esposa Kristine.

Este documentário foi exibido no Festival Go Outside Rocky Spirit em São Paulo – uma seleção de documentários sobre esportes ao ar livre e projetos de meio ambiente, ciência e conflitos entre países. Tem paisagens impressionantes e mensagens de vivência, coragem e importância ambiental realmente tocantes. A começar pelo subtítulo, que já indica que o grande objetivo não é o fim, mas o meio. Assim como a vida.