A CIDADE PERDIDA – The Lost City

Cartaz do filme A CIDADE PERDIDA – The Lost City
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Opinião

Voltando de uma recente visita a Cuba, um casal de amigos veio contando as novidades – que, a bem dizer, não são fatos tão novos assim com Fidel Castro no comando desde 1959. É mais, do mesmo. Até quando? Mas vieram contando aquilo que não é oficial, que descobre-se na boca pequena, na conversa. Que o camareiro do hotel é engenheiro, que o médico de um belo resort ganha o equivalente a US$ 50 por mês – e ainda é privilegiado para os padrões locais, que há uma moeda local para os mortais cubanos, e outra para os turistas. E que Cuba é linda, claro!

Contaram também que, antes de viajar, fizeram a lição de casa: assistiram ao filme dirigido por Andy Garcia, A Cidade Perdida – é o que devemos fazer, sempre há um filme interessante que nos leva para onde nunca fomos. Aprendi outra, não sabia que Garcia era cubano. Pois é. De família abastada, foi perseguida por Fidel e sua turma após a revolução, como todos aqueles que tinham posses e algum poder. Pelo que consta, fugiu com a família para Miami em 1961, onde seus pais tiveram de se virar para sobreviver, já que quem conseguiu sair da ilha naquela época praticamente fugiu com a roupa do corpo.

Lembrava vagamente de ter assistido ao filme, mas confesso que talvez tenha visto apenas algumas partes. A Cidade Perdida me pareceu um presente a Andy Garcia, quase que uma revisita à história de sua família. No filme, ele faz parte de um clã rico, dono de terras e prestígio, a espinha dorsal de uma família amorosa e tradicional. Os irmãos revolucionários pagam o preço do comunismo e seu personagem, Fico Fellove, é quem vê com clareza que a violência apenas mudava de mão. Essencialmente não viriam mudanças sociais e a repressão se tornaria ainda mais severa e duradoura.

Na direção de Andy Garcia, A Cidade Perdida tem uma abordagem quase que poética, mas sem lustrar a pílula. Seus figurinos e reconstituições de época primorosos ajudam na valorização dos diálogos (alguns emblemáticos) e da condição humana. Dono de uma casa de shows, Fellove dá o tom musical ao filme com as canções e ritmos caribenhos característicos da ilha. Quem se interessa pelo assunto, é uma boa pedida. Andy Garcia (também em O Poderoso Chefão, 11 Homens e Um Segredo, 12 Homens e Outro Segredo) é sempre ótimo na tela.

Aproveito também para recomendar também os dois filmes de Steven Soderbergh, Che – O Argentino e Che – A Guerrilha, além, é claro, do filme de Walter Salles, Diários de Motocicleta, que mostra um Che ainda médico, antes de ser guerrilheiro. Para uma visão bem contemporânea do que realmente se passa em Cuba, o livro da blogueira Yoani Sánchez, De Cuba, Com Carinho, é uma pequena mostra dos desafios a vencer.

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