Três sobreviventes do acidente com o voo 571 da força aérea uruguaia em 1972 estiveram presentes em Veneza por conta da estreia mundial do filme A SOCIEDADE DA NEVE, do diretor espanhol J.A. Bayona. A gente já conhece essa história, ou achava que conhecia. A experiência de assistir à reconstituição do acidente e de acompanhar de muito perto os 29 sobreviventes durante as semanas passadas nos Andes é imbatível. O avião levava 45 pessoas, entre elas um time de rugbi uruguaio, mas tem a viagem interrompida depois de se chocar contra a Cordilheira dos Andes.
La Sociedad de la Nieve é o nome do livro escrito por Pablo Vierci, uruguaio amigo de vários sobreviventes desde pequeno. É com base neste livro que Bayona, também diretor de O Impossível, sobre o tsunami na Tailândia, pensa no recorte dessa história por si só fantástica. Os sobreviventes formam uma sociedade, são mais que irmãos e todo dia 22 de dezembro se encontram, há 50 anos, pra celebrar a vida — foi o que disseram eles durante a coletiva em Veneza.
Os desafios foram enormes e Bayona relata a dificuldade de filmar na montanha, vivendo as reais intempéries do tempo e tendo que ser, obrigatoriamente, uma filmagem cronológica. “Os atores precisavam perder peso, por isso todo dia era um ajuste enorme pra conseguir dar conta”, diz ele. Sem falar no próprio espaço do avião, claustrofóbico, mesmo naquele ambiente majestoso.
Belíssimo e muito envolvente, nos coloca em contato direto com os sentimentos dos atores, sem perder a elegância. O momento em si já era dramático e Bayona sabia disso. Era preciso conseguir mostrar um filme humano, sem conflitos extras, mesmo quando os sobreviventes tiveram que decidir se alimentar do corpo dos mortos. E pra quem, como eu, já está se perguntando em que idioma o filme é falado, fique tranquilo: A SOCIEDADE DA NEVE tem atores uruguaios e argentinos, portanto é falado em espanhol. Ufa!
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