Opinião

Engana-se quem acha que BELA VINGANÇA é sobre mulheres. Também não é para mulheres com o argumento da estratégia vingativa em primeira mão. A personagem de Carey Mulligan não existiria se homens não fossem os protagonistas da história intitulada “cultura do estupro” neste nosso mundo real.

Mas, pasmem, tem muita gente que ainda acha exagero dizer que existe essa cultura entre nós. Ou que ela é o motor dos índices nefastos de abusos e assédios sexuais. BELA VINGANÇA deu o Oscar de melhor roteiro pra Emerald Fennell e ela escolhe construir essa história com humor ácido pra justamente tentar entreter, envolver, instigar quem ainda acha que é exagero. 

Cassandra tem vida dupla: durante o dia trabalha em um café bem normalzinho e à noite sai pra se vingar de homens abusadores e assediadores. A gente sabe que ela desistiu da faculdade de medicina, mas vamos descobrir, mais pra frente, o porquê. 

BELA VINGANÇA é pra ser assistido de novo (se você já viu). A cultura da posse do corpo feminino, da culpabilização da vítima, do machismo é normatizada a ponto de até mulheres acharem que é exagero. Só que não. É conteúdo sensível e o desfecho dessa história nos provoca ainda mais a enxergar o que está claro e cristalino na nossa frente.

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