DESERTO PARTICULAR

Cartaz do filme DESERTO PARTICULAR

Opinião

DESERTO PARTICULAR é o filme escolhido pra representar o Brasil no Oscar 2022, na categoria de filme internacional. E estamos muito bem representados. É sensível, humano, universal. Começa duro, é verdade; mas vai sendo construído como se deixasse para trás a objetividade da vida e mergulhasse na subjetividade, naquilo que não se controla.

Daniel é militar, mas foi afastado do cargo porque cometeu um erro grave. Está sendo punido por isso, inclusive com a espera pelo veredito, com falta de dinheiro e com a mancha na sua imagem, que não para de crescer. Ele cuida do pai que tem demência, é distante da irmã e parece estar apaixonado por uma mulher com quem se comunica pelo whatsapp. Nunca se encontraram, mas a relação à distância é o momento em que ele se liberta dos problemas.

Até que um dia Sara, essa mulher que mora em Sobradinho, na Bahia, desaparece, e Daniel resolve ir atrás dela pra saber o que aconteceu. Tem cara de road movie – ele sai de Curitiba e cruza o país pra tentar encontrá-la. Mas é também uma jornada interna. A pergunta que está sempre permeando a linda fotografia, a intensidade da busca é: “quem sou eu”?

DESERTO PARTICULAR já tem esse questionamento no título. Perseguir a busca pela identidade é caminhar pelo sua aridez interna, particular, única. Onde ninguém mais é capaz de entrar – nem dar as regras. Do seu deserto, entende você. E é essa a empreitada de Daniel e Sara. Encarada com coragem. Assim como Muritiba faz na direção do filme. Sem dramalhão, sem apelação. Com coragem.

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