Uma família síria foge da guerra e acredita que chegará na Suécia com facilidade; uma senhora quer pedir asilo na União Europeia, fugindo da perseguição no Afeganistão. Juntos, voam da Turquia para a Belarus e na fronteira com a Polônia os problemas começam pra não terminar jamais. É esse o argumento da diretora polonesa Agnieszka Holland (também de O Charlatão) para falar da crise dos refugiados na Europa, mas não só isso. “A Europa está com medo de sair da zona de conforto e criar soluções que funcionem para ajudar os refugiados”, diz a diretora. GREEN BORDER é sobre a responsabilidade que temos de enfrentar a questão e criar mecanismos humanos de acolhimento.
Para contar essa história, Agnieszka cria mais dois pilares além do principal dos refugiados. A polícia entra com a força para oprimir e agredir os refugiados, considerados inferiores e tratados de forma desumana, a mando dos políticos que arquitetam a crise como ferramenta de controle e poder. E os ativistas das ONGs compõem este trio de forças, formados por pessoas que prestam os primeiros socorros àqueles que estão tentando entrar na UE e que muitas vezes morrem pelo caminho, na figura da Julia, uma psicóloga que mora perto da fronteira e que se junta a essa força tarefa clandestina de auxílio e socorro.
Além da crueldade presente em GREEN BORDER, vemos esperança. Foi uma opção da diretora trazer alento à condição humana que fecha os olhos para os milhões de pessoas que vagam sem nação. Embora concentre a maior parte do filme na crise dos refugiados por volta de 2015, mostra também a fronteira da Polônia com a Ucrânia em 2022, na figura do policial que se transforma em alguém diferente. Discutir a dualidade humana do bem e do mau também é uma proposta. Afinal, a questão da responsabilidade também passa por ai. Que parte de nós é mais forte quando alguém desconhecido precisa urgentemente de ajuda e que futuro pretendemos construir?
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