LUCY

Opinião
Lucy trabalha com duas importantes premissas científicas: a teoria e a prática. Tudo aquilo que a ciência não foi capaz de desvendar é especulado nas teorias em que os cientistas se debruçam. E não é pouca coisa. Mas a mais misteriosa de todas ainda parece ser o cérebro humano. É dito que usamos somente 10% da nossa capacidade cerebral – o que não deixa de ser um chute, já que a maioria das conexões e habilidades decorrentes delas são desconhecidas. Partindo dessa teoria, o que seria do ser humano se ele fosse capaz de ativar os outros 90%? Ainda seria humano?
Na ficção científica de Luc Besson (também de Além da Liberdade), seria alguém capaz de fazer tudo, transformar-se em tudo, saber de tudo, ler os pensamentos, antever fatos, arquivar todas as informações existentes no mundo. Quem protagoniza esse ser altamente evoluído é Scarlett Johansson (também em Ela (sua voz), Match Point, Vicky Cristina Barcelona, Encontros e Desencontros, Como Não Perder Essa Mulher). Ela mora em Taiwan e entra de gaiato numa roubada por causa do namorado. É forçada a entregar um mala com conteúdo desconhecido a um perigoso mafioso-traficante. É feita refém e escolhida para ser “mula”- contrabandear no seu corpo uma droga poderosíssima para outros continentes.
Acontece que o saco contendo a droga estoura dentro dela, a droga vaza e potencializa suas ligações cerebrais de uma maneira exponencial. Sua única saída é procurar aquele que criou a teoria para algo que ela está vivendo na prática, cientista representado por Morgan Freeman (também em Invictus, Antes de Partir, Um Sonho de Liberdade, Seven – Sete Pecados Capitais). As sequências são rápidas, seguindo o mesmo ritmo do crescente uso do cérebro de Scarlett, que vai ficando cada vez mais poderosa.
Na ficção científica tudo é possível. O bacana de Lucy é que trata de um tema que realmente é um mistério e, por mais que a ciência evolua, nunca conseguiremos desvendar os meandros das nossas atividades cerebrais. É complexo demais para nossa cabeça limitada – o que não deixa de ser um paradoxo. Mas são os mistérios da natureza. E Luc Besson foi bem criativo na sua imaginação para essa poderosíssima personagem – que de humana não tem mais muita coisa. É mais garantido ficarmos mesmo só com 10% e fazermos dele um bom uso.
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