O GRANDE GOLPE DO LESTE – Zwei zu eins

Opinião
Entender a dinâmica capitalista exige prática — ainda mais pra quem viveu cercado pela Cortina de Ferro e tolhido pelos mandos socialistas. Pra colocar exercitar a lógica de mercado é preciso ter o dinheiro e a mercadoria, elementos presentes e sobrando nesta interessante comédia alemã O GRANDE GOLPE DO LESTE, inspirada em um roubo que, acreditem, realmente aconteceu. Os que aparentemente seriam aprendizes aos olhos dos ocidentais naquele verão de 1990, durante o período de unificação da Alemanha logo após a queda do Muro de Berlim, se mostram bem agilizados e divertidos no quesito “fazer dinheiro rápido”.
Moradores de uma vila operária da Alemanha do leste encontra um bunker cheio de dinheiro oriental, que já não vale mais nada. Diante da queda do Muro e da junção dos sistemas financeiros das duas Alemanha, os habitantes do lado leste teriam um tempo determinado para trocar sua moeda fraca pelo forte marco alemão. Diante da montanha de dinheiro encontrada, é preciso pensar como gastar e transformar esse papéis em valor.
Num ritmo de aventura — e até de travessura enfatizada pela escolha da trilha sonora —, percebem que têm uma ótima oportunidade de fazer dinheiro rápido colocando em prática a lógica capitalista. E, claro, levando em conta a coletividade, pensarão numa maneira de favorecer a todos, já que o dinheiro encontrado era, na lógica socialista, do povo.
Sandra Hüller está no elenco, agora como uma personagem despachada que se diverte como se fosse brincadeira de criança. Dividida entre dois pretendentes, ela vai comandar a trupe de empreendedores-aventureiros pra dar o grande golpe que nem um expert ocidental foi capaz de perceber. Lembra Adeus, Lênin!, que também brinca com essa noção de um castelo de cartas que despenca, mas que é preciso disfarçar enquanto é tempo.
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