OH, CANADÁ

Cartaz do filme OH, CANADÁ

Opinião

Parece que está na moda fazer filme de memórias. Compreensível. A verdade é que somos feitos delas, sempre seletivas. Fazer a história memorável está muito ligado à qualidade dessa seleção — que, convenhamos, muitas vezes é tendenciosa e esfumaçamos, propositalmente, a parte da vida que nos compromete. Esfumaçadas e fragmentadas são as nossas lembranças que, muitas vezes colocadas cronologicamente, soam como uma organizada e palatável história de vida.

Tudo isso pra dizer que OH CANADÁ é um exemplar bem competente desse formato que não pretende fazer sentido, nem ser linear. É um recorte de como Paul Scharader encara essa questão. Mesmo porque, seu protagonista é um documentarista, o Leo Fife — e Richard Gere, desprovido de qualquer vaidade, entrega um homem amargo, cheio de ressentimentos, que revisita seu passado diante de ex-alunos que querem entrevistá-lo praticamente quando ele já está à beira da morte.

É lavagem de roupa suja nos 45 minutos do segundo tempo. Fife resolve não só não responder às perguntas que os entrevistadores fazem, mas contar a sua versão dos fatos. Abre o jogo, até então obscuro, para a esposa e entre Gere e Jacob Elordi, que se alternam na representação do personagem velho e jovem, passamos pela fronteira do Canadá pra entender como é que Fife foi parar por lá.

 

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