PARTIR UN JOUR

Opinião
Há quem diga que filme de abertura de festival, se fosse bom, estaria na seleção da competição. É como se fosse prêmio de consolação. Muitas vezes, a explicação procede. Filme bom na abertura é aquele que não se encaixa na curadoria, mas que é selecionado pra abrir porque traz frescor, graça e leveza para a programação sempre densa de festival. Foi o caso de Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice em Veneza, ano passado. Fora do contexto do festival, abre-alas com diversão — sempre bem-vindo.
PARTIR UN JOUR se encaixa na primeira opção e fico me perguntando o porquê da escolha. A resposta pode ser porque a França promove seu cinema e a abertura de Cannes foi exibida nos cinemas em todo o país. É também o primeiro longa da diretora Amélie Bonnin, que ela desenvolve a partir de um curta de mesmo nome que foi premiado com o César (Oscar francês), há quarto anos. Mas é pobre pra abrir Cannes. Pronto, falei.
Mas assim foi e o festival foi oficialmente aberto com a história de Cécile, uma jovem chef de cozinha que ganhou um reality show de culinária, abriu seu restaurante em Paris e precisa voltar pra sua cidade para ver o pai que está doente. Já na primeira cena a gente fica sabendo que Cécile está grávida e claro que isso vai mexer com seu relacionamento.
Aliás, clareza é o que não falta em PARTIR UN JOUR, o que torna o filme previsível. Depois de apresentados os personagens, a gente já consegue prever o que vai acontecer quando ele encontra os pais, quando revê o melhor amigo de infância, quando o namorado fica sabendo da gravidez. Importante dizer que entre uma não-surpresa e outra, os personagens cantam. Sim, é um musical, embora a diretora tenha dito em entrevista que não. Mas, para receosos com musicais como eu, melhor deixar avisado que vem Parole, Parole por aí.
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