PICASSO – UM REBELDE EM PARIS – Picasso, Un ribelle a Parigi – Storia di una vita e di un museo

Opinião
Picasso prescinde de apresentações, inclusive — ou principalmente — pela genialidade da sua obra e também porque ela percorre o século 20 e traduz o zeitgeist, ou seja, o espírito de cada época.
PICASSO – UM REBELDE EM PARIS, de Simona Risi é narrado pela atriz iraniana Mina Kavani, ela também estrangeira em Paris, na busca pelo pertencimento através da sua arte. Ser estrangeiro em Paris em 1900, quando migra de Málaga, na Espanha, para a cidade que é o coração da expressão artística mundial, será uma condição presente em toda a jornada de vida e de arte de Pablo Picasso. Ter Mina Kavani como portadora deste ponto de vista é inusitado — e bastante original.
Em 2023 foi o aniversário de 50 anos da morte de Picasso. O documentário foi idealizado na ocasião e oferece, além de um panorama das diversas fases artísticas do ator em paralelo com os eventos históricos e artísticos no mundo, traz o Museu Picasso como pano de fundo. Localizado no Marais, em Paris, abriga a coleção particular do próprio Picasso (ele, colecionador dele mesmo), além de inúmeras obras doadas por outras instituições. Uma beleza. Visitá-lo é estimular sensações que nunca se esgotam.
Em tempos digitais e extremamente visuais, Picasso dialoga com o presente de forma surpreendente. Boa retomada, boa reunião de saberes e comportamentos. Inclusive pra pensar se é possível separar o artista da sua obra, o homem do artista. O diálogo vem nesse sentido também. Trazer à tona a genialidade artística não pressupõe encobrir comportamentos agressivos em relação às mulheres que fizeram parte de sua vida. Isso faz parte do todo. Uma parte não anula a outra, nem diminui. Mas compõe quem foi Pablo Ruiz Picasso — que tira o nome de família do pai, por ser espanhol demais. No fim do dia, até pra Picasso pertencimento dá o tom, “pero no mucho”. Foi e será sempre vanguardista, doa a quem doer.
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