SOB PRESSÃO

Opinião
Por que é que tanta gente gosta das séries que se passam em hospital, com médicos debruçados nas mesas de cirurgia, sangue pra tudo quanto é lado, doenças das mais variadas, cirurgias em tempo real, morte. Gente até que não aguenta muito “sangue” gosta e é fato que esse tipo de atividade exerce um certo fascínio. São quase super-heróis. Quando se trata de hospitais com equipamentos de última geração e equipes treinadas e capacitadas, como na série Critical, da BBC, ou em Grey’s Anatomy e Dr. House, mais fácil ainda de entender. Diferente de Sob Pressão – bem diferente.
Transportando isso para a realidade nua e crua das comunidades brasileiras, em que os hospitais nas periferia ou favelas são dominados pelos donos dos morros e do tráfico, o que se pratica é “medicina de guerra”. Instalado em uma comunidade, o hospital de Sob Pressão funciona de acordo com o andamento da guerrilha entre traficantes e policiais. Tem bala perdida e não-perdida para todos os lados e, na ética médica, não deveria importar a origem, sexo, cor, idoneidade do paciente. Bastaria ser uma vida humana pra ser atendida. A preferência é daquela que está em situação mais grave. Mas o critério não funciona para o médico Evandro (Julio Andrade, também em cartaz com Elis e Maresia), que é chefe da emergência, precisa operar um bandido, uma criança baleada (filha de gente bacana e importante do Rio) e um policial. Sofre todo tipo de pressão – inclusive da falta de equipamentos adequados, sangue compatível, equipe de médicos.
Sob Pressão é bem interessante e te deixa sob a tensão da emergência de um local como esse. É produção brasileira bem feita, com Andrea Beltrão, Marjorie Estiano, Ícaro Silva e Stepan Nercessian fechando o elenco bem formado. E apesar dos pesares, de todo sangue e desgraça, não é só no hospital-hotel inglês que os romances acontecem. Aqui também tem espaço, porque ninguém é de ferro.
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