UMA ESPÉCIE DE FAMÍLIA – Una especie de familia

Opinião
Tem algumas coisas na vida que só sabe quem passou. Só dimensiona, quem sentiu. Ser mãe é uma delas – não deve ter nada igual. Isso serve pra dor também – talvez a dor de não ser mãe, para aquelas que desejem a maternidade, seja algo também sem dimensão. A experiência de Malena é intensa e visceral, mas cheia de compaixão.
Malena (Bárbara Lennie) é casada, não tem filhos e tudo indica que já tentou adotar um bebê por várias vias. No desespero de ser mãe, aceita entrar um esquema ilegal de adoção em Misiones, fronteira do Brasil e Argentina. Vai no limite – da razão e da emoção -, faz qualquer negócio na esperança de levar pra casa o bebê que lhe foi prometido.
Mãe nenhuma sai ilesa de Uma Espécie de Família, melhor roteiro em San Sebastián. A agonia e a ansiedade de Malena se mesclam com a realidade nu e crua da corrupção, do interesse financeiro, dos esquemas também tão brasileiros de se tirar vantagem. Até da adoção de uma criança. Principalmente da adoção. Tudo vira negócio – ainda mais este, que mexe com um lugar emocional da família que nada nem ninguém consegue preencher. Tocante.
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