VADIO – drifter

Cartaz do filme VADIO – drifter

Opinião

Especial para 47ª Mostra SP

Parece que André nunca teve rumo, mas agora está à deriva mesmo. Seu pai desaparece e ele era a sua única referência nessa terra árida do Alentejo, onde dividiam a rotina de perfuração de solo em busca de água. André é o VADIO do título — aquele que vaga, sem rumo, no movimento externo que nos transmite a agonia do não pertencimento.

Árida também era a relação e se torna a vida deste adolescente que se vê sozinho no mundo. De expressão triste, Rúben Simões é intenso na pele de André, retratando o total abandono da sua alma. Do primeiro ato em que André se ancora no pai, é preciso migrar para o segundo, sem ele. André assume o protagonismo e as decisões, e encontra em Sandra, a vizinha, de quem nada sabemos. A narrativa migra pra outro espaço, mas permanecendo na aridez interior dos personagens que vão se desenvolvendo, mostrando suas camadas.

VADIO está na competição Novos Diretores e é daqueles achados com temas universais que, de um jeito ou de outro, nos emocionam pela maternidade, pelo abandono; pela incompreensão, pela generosidade.

 

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