Opinião

Acabo de assistir ao filme brasileiro SOL, de Lô Politi, e o tema aqui em 66 QUESTÕES DA LUA se repete. A filha que não via o pai há tempos, com quem nunca teve uma relação de afeto, é chamada para cuidar dele após um derrame. Ninguém da família quer a difícil tarefa, e cabe a ela ser a cuidadora. Fico pensando em como essa temática das relações entre pais e filhos, problemáticas e mal resolvidas, precisam de uma situação extrema, de dependência ao inverso, pra terem a chance de se resolverem.

Cuidar do pai doente faz parte do processo de cura da sua mágoa pela indiferença do pai durante a vida. À medida que as dificuldades vão sendo superadas dentro das possibilidades da doença, a comunicação entre os dois se estabelece e é como fosse preenchendo os vazios.

Delicado, chama a atenção a indiferença da família, que se dispõe a lavar as mãos e dar ordens, sem se envolver na lida do dia a dia – sempre desafiadora e muitas vezes frustrante.