A FESTA – The Party
Opinião
Escancarado, esse humor inglês. Com uma ironia atrás da outra – e nem precisa ler nas entrelinhas pra fazer uma lista das críticas pontuadas por Sally Potter -, A Festa é puro teatro na tela do cinema, naquela narrativa clássica de amigos há anos, que sentam pra jantar e acabam descobrindo que nem se conhecem direito. Tragicômico.
A Festa imediatamente me lembrou o também teatral Deus da Carnificina – o que começa com uma conversa amigável, vai se tornando amarga até ser uma verdadeira lavagem de roupa suja. O espanhol Perfectos Desconocidos vai nessa toada também, desvendando as facetas veladas de cada um dos amigos íntimos.
Talvez íntimos demais, vale dizer. Janet (Kristin Scott Thomas) foi nomeada ministra da saúde da Inglaterra, convida 3 casais de amigos para um jantar de comemoração, mas um deles vem sem a mulher. Cada casal tem sua particularidade: o marido da poderosa Janet está doente e compartilha sua decisão de vida; April (Patricia Clarkson) e Gottfried são igual água e vinho – não só não se misturam, como faíscas saem de simples olhares; Martha e Jinny são lésbicas e esperam seu primeiro filho; Tom chega nervoso e parte pra ignorância enquanto sua mulher não chega.
Pra não ser estraga-prazer, paramos por aqui. O que Sally Potter, também de Ginger & Rosa, faz com maestria é inserir humor – inglês! – nas alfinetas, trazer à tona a hipocrisia suprema das pessoas e fazer a gente dar risada desse comportamento humano que é absolutamente universal.
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