Opinião

À Procura de Eric foi apresentado em Cannes, abriu a Mostra de Cinema de São Paulo e já está em cartaz nos cinemas. Trata de vários assuntos polêmicos e atuais, como a relação adolescente-padastro e droga-violência, mas lida sobretudo com a questão das relações humanas e da solução de problemas com um humor fino e inteligente.

Eric Bishop (Steve Evets) é um carteiro em Manchester. Abandonou a primeira mulher por quem era apaixonado, foi abandonado pela segunda e mora com os dois enteados adolescentes, que além de invadirem todos os espaços, faltam com respeito e se metem em muita confusão. Sua única válvula de escape é o fiel grupo de amigos que dá conselhos e tenta encontrar uma maneira de fazê-lo sorrir. Eric também ajuda a cuidar da neta e por causa disso passa a encontrar sua ex-mulher, avó da menina, a quem nunca explicou porque foi embora sem dar satisfação.

Diante de tanto problema, Eric busca conselhos com seu “amigo imaginário”, o francês Eric Cantona. Aqui vale dar uma explicação – coisa que eu não sabia quando fui ver o filme na Mostra. Seu xará interpreta ele mesmo, um ex-jogador de futebol pelo Manchester United idolatrado nos anos 90, que virou ator depois que encerrou a carreira de atleta. Ele aparece nas horas de reflexão, aconselhando Eric com suas frases de efeito e ditados populares engraçados. E são eles que ajudam o Eric inglês a enfrentar os problemas e a buscar as soluções dentro de si próprio, com mudança de atitude e demonstração de coragem.

Com a persistência própria do esporte como pano de fundo e amparado pela confiança nos amigos (o velho e bom tema da amizade), Eric supera seus medos e corre atrás do prejuízo das relações desgastadas pelo tempo.

O astral é bom, o humor é sofisticado e a mensagem é sempre útil!