Opinião

Charley é tudo aquilo que não se espera de um garoto que foi abandonado pela mãe ainda criança e criado pelo pai intempestivo e inconstante, mas afetivo de certa forma. Doce e paciente, Charley passa pela adolescência em A Rota Selvagem, na busca por um lugar no mundo e um pouco de estabilidade.

Também diretor de 45 Anos, Andrew Haigh constrói um garoto persistente e gentil, que se vê sozinho no mundo, consegue emprego como cuidador do cavalo de corrida Pete – que se torna seu amparo, com diz o título original -, e não sossega até encontrar sua tia – quem não vê há anos e é sua única referência no mundo. É desolador e poético – um rito de passagem da adolescência para a fase adulta, com a solidão de um garoto que pega estrada sem um tostão, nem lugar pra voltar se fosse preciso. Mas não perde a esperança e esse é o ponto.

Charlie Plummer (também em Todo Dinheiro do Mundo) é a alma do filme na pele do protagonista. Tem muita tristeza, mas também calmaria. Como é a fotografia desse road movie – vasta e intensa.