COMPRA-ME UM REVÓLVER – Cómprame un revolver

Cartaz do filme COMPRA-ME UM REVÓLVER – Cómprame un revolver

Opinião

Numa ambientação que remete a um clima apocalíptico, em que pai e filha vivem aprisionados pelo cartel das drogas em algum lugar do México, em que as mulheres desapareceram levadas pelos criminosos, em que meninos órfãos sobrevivem no meio da violência e ainda acham espaço para brincar e demonstrar afeto, Compra-me um Revólver, do mexicano Julio Henrándes Cordón traz à tona a sociedade distópica em que vivemos. Fala dos conflitos, sem explicá-los ao certo – o que pode ser, inclusive, uma metalinguagem, uma distopia por si só.

Huck é uma menina que vive com o pai em um trailer, sua mãe e irmã foram levadas pelos chefes do cartel e ela precisa fingir que é um menino para sobreviver. O pai cuida do campo de beisebol usado pelos criminosos, é totalmente refém desse poder cruel e faz de tudo para proteger a filha. Em meio à crueldade, os cuidados de um com o outro são comoventes, assim como é singela a amizade de Huck com os meninos-camuflados.

Compra-me um Revólver já tem no título o elemento condutor das relações sociais. Numa mensagem pessimista de um futuro-realidade, é mais próximo do presente do que se imagina. Sobre cartel de drogas, mas essencialmente sobre controle, dinheiro, poder. Um recorte que se encaixa em qualquer situação de escravidão. E quando o olhar é de uma criança, um possível futuro fica ainda mais atroz.

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