CONFIAR – Trust

Cartaz do filme CONFIAR – Trust

Opinião

De que adiantam os mecanismos de controle de acesso a sites perigosos, suspeitos, pornográficos, quando o inimigo é gentil, tem boa lábia, é convincente e entra na sua casa através de todo e qualquer chat na internet? E pior: é um verdadeiro camaleão – pode se transformar em homem, mulher, jovem, velho, bonito, feio sem qualquer constrangimento. Se o papel tudo aceita, a internet tudo torna verdade. A tarefa de fiscalizar e acompanhar de perto o andar dos filhos adolescentes fica praticamente impossível. E é cada vez mais evidente que essa tarefa de cumplicidade entre pais e filhos realmente tem que começar no berço. Depois de grandes, eles têm autonomia e são seus próprios filtros de segurança, onde qualquer falha pode representar um perigo irreparável.

Não falo da autonomia emocional e Confiar retrata justamente isso. Falo da autonomia de acessar o mundo pela internet, onde há oportunistas, falsários, pedófilos e ninfomaníacos de plantão, e não de maturidade emocional. Não nos resta mais alternativa que confiar, sobretudo na capacidade deles de dizer não, de desconfiar de que algo parece estranho, de saber detectar a mentira. A linda adolescente Annie (Liana Liberato) quer ser aceita, elogiada, reconhecida. Quer pertencer ao grupo, e por isso acaba confiando na pessoa errada. Sua decisão tem repercussões profundas na sua vida, no seu emocional e na relação familiar. Os pais Will (Clive Owen, também em Closer – Perto Demais) e Lynn (Catherine Keener, também em Cyrus, Sentimento de Culpa, Onde Vivem os Monstros, O Solista) percebem a filha grudada no computador e no telefone, mas não desconfiam que algo prejudicial possa acontecer. Soa familiar?

Entre a angústia, o mal que é feito à garota e a tentativa de recuperação, resgate de auto-estima e reestruturação familiar, Confiar levanta várias questões urgentes sobre geração que praticamente nasceu vendo a internet e o celular entrarem nas casas, apropriarem-se do tempo livre da família, funcionarem como instrumento fundamental de comunicação, substituindo o telefonema e o contato físico e privando as pessoas de relações mais estreitas.
E não deixa de lado a dificuldade que os pais têm de se adequar à nova dinâmica e manter a estrutura e a confiança familiares como base, enquanto o universo todo diz o contrário! Confesso que fiquei aflita em vários momentos. Faz parar para pensar, principalmente porque é uma realidade dentro da casa de cada um de nós. Por isso, digo que a palavra de ordem é desconfiar – até que se prove o contrário.

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