DISPAROS

Cartaz do filme DISPAROS

Opinião

Disparos é um filme pequeno, com uma proposta interessante. Através do fotógrafo Henrique (Gustavo Machado), a diretora Juliana Reis escancara a violência urbana. Não só a violência física, da agressão visível, aquela em que vemos a ferida, a morte, os danos. Mas também a violência emocional, do estresse, da tensão permanente, das relações sociais, da ironia, da injustiça. Como bem disse a diretora na pré-estreia, Disparos é um filme pequeno que se mostrou grande. Também acho. O filme é  simples, mas bem capaz de sugerir, criar expectativa, fazer rir e pensar. Filme que vira sujeito de conversa quando termina é porque rende pano pra manga.

Vencedor do prêmio de melhor fotografia, montagem e ator coadjuvante para Caco Ciocler (na verdade, são dois protagonistas, como brincou Gustavo Machado na pré-estreia) no Festival do Rio deste ano, Disparos relata um momento da vida de Henrique (curioso notar que Gustavo Machado também é um fotógrafo em Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios), que é assaltado por um motoqueiro, que em seguida é atropelado. Deixar o suspense sobre quem atropelou foi uma boa sacada da diretora. Mas de vítima do assalto, o fotógrafo passa a ser acusado por omissão de socorro pelo irônico delegado.

Claro, as histórias sempre têm três versões: de quem causa, de quem sofre e a verdade. Juliana Reis deixa tudo no ar, mas está tudo amarrado pela teia da crueldade urbana, pela sobrevivência física e financeira acima da humana, pela preservação das aparências e não das relações. Instigante e intrigante.

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