EM NOME DE DEUS – Captive

Cartaz do filme EM NOME DE DEUS – Captive

Opinião

Não é documentário, mas em alguns momentos até que parece. O drama vivido por missionários feitos reféns por milícias islâmicas separatistas nas Filipinas em 2001 é retratado pelo diretor Brillante Mendoza, também do ótimo Lola, de maneira clara. Para quem assiste, fica evidente a posição das três partes envolvidas: desespero e impotência por parte dos reféns; cruel determinação por parte da milícia; desinteresse e incompetência por parte do governo filipino. O resultado foram inúmeras mortes e uma triste história para contar.

Representando os reféns está Thérèse Bourgoine, na pele da atriz francesa Isabelle Huppert (também em A Bela que Dorme, Copacabana). Ela representa o estrangeiro em outras terras, o intruso, que perturba a ordem vigente e as forças subversivas, assim como fez com muito talento em Minha Terra, África, em que enfrenta os milicianos rebeldes e os corruptos do governo, que expulsam e matam os colonizadores franceses. É o seu olhar que me guiou através do medo, desespero, fome, frio, dor das dezenas de reféns, que passaram meses a fio vagando pelas florestas filipinas, aguardando um resgate que só chega capenga e depois de muitas mortes, aturando a maldade dos milicianos e conformando-se com a presença de soldados-crianças numa terra sem esperança.

Em Nome de Deus tem o título original Captive, que em francês significa ‘reféns’. São reféns em nome de Deus. Os terroristas rezam, determinam regras seguindo o Alcorão, matam baseados no argumento da fé islâmica. Indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim 2012, lembrou-me o maravilhoso Homens e Deuses, que trata de tema semelhante: católicos em missão assistencial em outro país que sofrem represália de grupos extremistas, que vale ser visto. Aqui, a missão religiosa tem que migrar para a seara particular de cada um dos reféns, que se vê na situação absurda de ficar à deriva por dias, invadir um hospital, ver mais reféns se juntarem a eles, outros morrerem pelas balas do próprio exército e ter de confiar na própria fé.  Eles estão no cativeiro quando as Torres Gêmeas são atingidas. Consequências de uma mesma distorção.

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