FUTURO DO PRETÉRITO – TROPICALISMO NOW! (Gramado 2012)

Cartaz do filme FUTURO DO PRETÉRITO – TROPICALISMO NOW! (Gramado 2012)

Opinião

FILME DA MOSTRA COMPETITIVA LONGA NACIONAL

Tropicalismo now! Como assim, já não foi? Pois é, se você não se deu conta do que foi esse movimento de quebra de paradigmas, conceitos e comportamentos no final dos anos 1960, quando a ditadura se tornou ainda mais ferrenha, Futuro do Pretérito – Tropicalismo Now! tem a função de despertar a sua curiosidade. “Não se trata de um documentário, mas de uma visão de 2011 do Tropicalismo, com todas as referências que temos hoje”, revela o diretor Ninho Moraes. “A ideia do filme é instigar, deixar o espectador curioso para querer saber mais, e não resgatar o movimento em si.”

E desperta a curiosidade mesmo. O filme é um caleidoscópio de linguagens, documentário, poética e ficção ao mesmo tempo. Uma leitura que mistura diversas formas de expressões, mixando o digital, a música contemporânea eletrônica com canções Tropicalistas, na figura do compositor e músico André Abujamra (responsável pela trilha), a leitura de textos de Caetano, a narrativa do momento político direta com o espectador, a projeção do rosto da atriz Alice Braga enquanto Lindonéia (a personagem da música que Caetano fez a pedido de Nara Leão). Multimídia, interativa, jovial total. Deixe-se levar, porque a estrutura não é linear, é sensitiva. Meio maluca, um show totalmente diferente, performático no Teatro Oficina, feito especialmente para o filme, como deve ter sido a quebra de conceitos naquela época.

Imediatamente me lembrei de Uma Noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Kalil, que mostra os festivais, o momento em que a mudança veio ao público e já era um caminho sem volta. De fato e o próprio Ninho Moraes também lembrou de outro, ainda inédito. “Super complementar é o filme do Marcelo Machado, Tropicália (será lançado nos cinemas em setembro), esse sim centrado em arquivo, com depoimento de todos eles, coisa que a gente não poderia ter.”

Gilberto Gil é grande figura Tropicalista que aparece, e não Caetano, embora este esteja presente em tudo, nos textos, nas citações.  Ninho explica que Gil era o curador de um fórum da música digital que acontecia na época, então já era a ponte entre passado e presente. Aí então veio a pergunta: por que Caetano não dá o seu depoimento? “Ora, Caetano é muito charmoso, viria com seu jeito baiano puxando sardinha pro seu lado”, diz Ninho Moraes, despertando risos dos jornalistas e a cumplicidade do também baiano Luiz Caldas. “Ele já disso tudo o que tinha que dizer em seu livro Verdade Tropical e está presente no filme de outras maneiras.” Interessante, mas fiquei curiosa e perguntei se Caetano gostou do que viu na tela. E se viu. “Mandei o filme pra ele. Foi econômico, disse que curtiu. Pelo que conheço dele, não teria porque não dizer a verdade.” De fato, a essa altura do campeonato, não teria mesmo. E o filme tem o clima do Tropicalismo, da diversidade, da não obviedade. Amplia os horizontes, bem legal. Se complementar com os documentários citados, ainda melhor.

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