GAROTA EXEMPLAR – Gone Girl

Cartaz do filme GAROTA EXEMPLAR – Gone Girl

Opinião

Adoro o título original de Garota Exemplar: Gone Girl. Pode ter várias conotações, sendo que a óbvia remete à garota desparecida, que é o que acontece no filme. Ela simplesmente some e o marido (Ben Affleck, também em Argo) é acusado de matá-la. Mas o sentido de que eu mais gosto vai ao encontro da ironia e do fino cinismo deste suspense: é aquele de que a boa moça linda, romântica e compreensiva, que leva boas patadas calada, já não existe mais. Um perfil exemplar que já era, para dar lugar à mulher antenada em tudo ao mesmo tempo e que não dá um só ponto sem nó.

Isso dito não estraga nenhuma das surpresas do filme – e ele é repleto delas. É só espiar o trailer para notar que a lindíssima e espetacular Amy (Rosamund Pike), uma escritora de livros infantis, fala nas entrelinhas apenas com o olhar. Casa-se com o charmoso Nick (Ben Affleck), que também é o ator perfeito para o jeitão do personagem. Tem uma maneira de se portar de quem diz e não diz ao mesmo tempo, joga charme para todos os lados, parece estar sempre em cima do muro. Um olhar cínico, mas atento. Dúbio, duvidoso, sedutor.

De um dia para o outro, Amy desaparece sem deixar rastros, a não ser alguns que levam os investigadores a suspeitar da integridade de Nick. Não é um filme de puro suspense, investigação, tramas. É mais sutil – e por isso bem instigante, também graças ao elenco afinadíssimo e ao roteiro muito bem encadeado. Põe na mesa o perigoso jogo entre os modos masculino e feminino de ser, de reagir, de se comportar e de se vingar. E joga todos os estereótipos e condições pré-estabelecidas no lixo. A única que fica intacta é a da irmandade. O resto não é mais do que um acordo, inclusive – e principalmente – o casamento. Com olhares perigosos e bem mais poderosos do que as palavras. Amy e Nick que se cuidem, porque a opinião pública não perdoa!

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