Opinião

Tiveram vários prêmios interessantes e bem colocados no Globo de Ouro domingo passado e já falo mais deles. Mas confesso que aquilo que chamou mais atenção foi o tom de deboche de várias celebridades que subiram no palco. Onde tem fumaça tem fogo e acho que, nos bastidores, as conversas e favoritismos devem estar bem aquecidos.

Por que será que o apresentador Ricky Gervais e o ator Jim Carrey falaram com tanto desdém do prêmio? Deixaram bem claro que ele não vale nada, que todo o glamour é falso e retroalimenta os egos. Realmente o Globo de Ouro dá indícios de que anda priorizando contatos, relacionamentos e troca de favores em detrimento do talento e do reconhecimento de carreira. Sem citar as brincadeiras de mau gosto – achei chamar Mel Gibson de alcoólatra ao vivo e em cores uma falta completa de respeito e causou um mega constrangimento em todos.

Vide o prêmio a Lady Gaga (sem comentários) e a Jennifer Lawrence. Nada contra ela em si: tem talento, mas caiu nas graças sabe-la-deus-de-quem e já levou três Globos de Ouro e um Oscar com apenas 25 anos – fora as mais de 100 (sim!) indicações. Já está bem longe de ser um exagero e beira o ridículo. Mais um motivo pra acreditar que tudo não passa de “vontade política”. Descrédito, por assim dizer. Sem falar que Joy não é uma comédia. Mas isso é detalhe.

Os pontos altos, entretanto, foram bem interessantes. A começar pela declaração de Sylvester Stallone, ao agradecer o prêmio pelo papel em Creed. Agradeceu seu amigo imaginário Rocky Balboa – seu melhor amigo. Muito bem colocado. Também Leonardo Di Caprio saiu vencedor e já merecia um reconhecimento há muito tempo (essa categoria estava concorrida e cheia de gente boa). Alejandro Iñarritu é melhor diretor por O Regresso e no ano passado ganhou pelo roteiro de Birdman. Mas convenhamos, o cara é bom demais, criativo, completo, profundo (dá pra entender a birra com a Jennifer, certo?). Também gostei de Matt Damon no palco – embora Perdido em Marte não seja comédia nem aqui, nem em Marte. E Kate Winslet é uma verdadeira camaleoa e está muito bem em Steve Jobs.

Trocando em miúdos: gosto de prêmios pulverizados, que garimpam talentos, reconhecem carreiras e não têm um olhar viciado. Pena que o vício aqui foi evidente e deixa a desejar a qualidade dos critérios escolhidos pelos jornalistas estrangeiros em Hollywood.

Aqui vai a lista dos indicados ao GLOBO DE OURO. A grande maioria deles você já poderá assistir em janeiro. Se eu fosse você, não perderia os seguintes:

• Carol, com Cate Blanchet e Rooney Mara
• O Regresso, com Leonardo DiCaprio
• Spotlight, com Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel Adams, Stanley Tucci (7 janeiro)
• A Grande Aposta, com Brad Pitt, Christian Bale, Seteve Carell, Ryan Gosling, Marisa Tomei
• O Quarto de Jack (Room)
• Joy: O Nome do Sucesso, com Jennifer Lawrence, Bradley cooper, Robert De Niro
• Trumbo, com Bryan Cranston, Diane Lane, Helen Mirren
• Steve Jobs, com Michael Fassbender, Kate Winslet, Seth Rogen, Jeff Daniels
• A Garota Dinamarquesa, com Eddie Redmayne, Alicia Vikander
• Concussion, com Will Smith, Alec Baldwin
• A Senhora da Van, com Maggie Smith (28 janeiro)
• Os 8 Odiados, com Channing Tatum, Samuel L Jackson, Jennifer Jason Leigh, Kurt Russell, Tim Roth, Bruce Dern
• Beast of No Nation, com Idris Elba (Netflix)

Das séries, destaque para Narcos, com Wagner Moura que é indicado como melhor ator série drama.