JOGO DA CORRUPÇÃO

Opinião
Na véspera da Copa do Mundo, este convite parece irresistível. Principalmente se a gente deixar de lado a questão esportiva – que deveria ser a mais importante. Mas não é. Futebol é política, do começo ao fim. Gera mal-estar, incomoda, gera repulsa, especialmente quando a gente pensa na montanha de dinheiro que encobre todo o resto.
E bota resto nisso. Debaixo da maquiagem, do marketing, do glamour, da energia, está o jogo da corrupção do título, que movimenta uma indústria poderosíssima.
JOGO DA CORRUPÇÃO conta a história de como João Havelange transformou, nos anos 1970, a FIFA em uma máquina de fazer fortunas. Entra nos meandros do jogo político, das influências, do envolvimento com o jogo do bicho no Rio de Janeiro, do valor que tem, nesses casos, a capacidade de dançar-conforme-a-música e criar “oportunidades”.
Interessante o formato da série, que conta com o ator colombiano Andrés Parras como nosso interlocutor. Ele é protagonista da série El Presidente, que dá origem a esta temporada sobre o futebol e a corrupção, e funciona aqui como aquele que conversa com o espectador olhando para a câmera, no recurso que chamamos de “quebra da quarta parede”. Com humor e ironia, acompanha a narrativa, dá seus pitacos e joga lenha na fogueira pra que a gente aguçar, ainda mais, o olhar crítico e não deixar nada barato.
O elenco esteve no Festival do Rio no lançamento da série e deixa claro que não há como falar de futebol, nem aqui e nem na China, sem falar de política. Copa do Mundo milionária chegando, e dá até arrepio pensar nos podres escondidos debaixo dos turbantes das arábias. Só muda a fantasia, porque o carnaval e a palhaçada é sempre a mesma.
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