PLANO 75 – PLAN 75

Cartaz do filme PLANO 75 – PLAN 75

Opinião

O lugar do idoso é onde estaremos todos. Portanto, pensar no envelhecimento inevitável e como estamos lidando com esta realidade ao nosso redor diz respeito a todos nós.

E fato é que uma expressiva parte da população japonesa é composta de idosos na realidade e este cenário distópico de PLANO 75 usa esta premissa pra provocar a reflexão. Tão expressiva que o governo decide dar a esses cidadãos a possibilidade de cometer eutanásia dentro da lei, com respaldo do governo. Isso inclui toda a assessoria necessária para se sentirem acolhidos desde o momento de tomada de decisão, até a execução do plano propriamente dito, ou seja, a morte induzida. Aos 75+, o governo institui um tipo de “plano de demissão voluntária da vida”, com direito a bônus financeiro pra aproveitar os últimos momentos com uma viagem, por exemplo, ou simplesmente para garantir um funeral digno.

Parece mórbido e é, afinal está falando de morte. Mas a premissa é bem interessante e filmado elegantemente a partir da perspectiva de uma senhora que trabalha como camareira num hotel para complementar a insuficiente aposentadoria. Ela é demitida por etarismo e tem dificuldade de encontrar um apartamento pra alugar por conta da idade. Sozinha, sem familiares por perto, conta com amigas também idosas e vulneráveis emocional e fisicamente. A possibilidade de ela aderir ao plano nos coloca em contato com jovens que atendem esses idosos e, assim, conseguimos olhar a questão sob o ponto de vista também de quem ainda tem vida pra viver.

PLANO 75, que recebeu menção especial no Caméra D’Or em Cannes 2022 e foi o filme indicado pelo Japão para concorrer ao Oscar de filme estrangeiro em 2023, toca no ponto sensível da real da solidão do idoso, do afrouxamento das relações familiares, da intolerância da sociedade. Faz questionar o olhar do jovem que também tem suas relações afetivas frágeis colocadas à prova. Uma sociedade carente de compaixão que toca fundo nas atuações, na profundidade e na universalidade da questão, mas também na esperança que precisamos continuar a alimentar.

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