LA QUIETUD

Cartaz do filme LA QUIETUD

Opinião

Por Suzana Vidigal, de Veneza

La Quietud é o novo filme do argentino Pablo Trapero. É uma história mais íntima, mas termina por falar da história da Argentina. Não tem escapatória – assim como em O Clã, seu filme anterior, “dialoga com as famílias cheias de segredos e enigmas, de uma violência silenciosa”. Palavras do diretor durante a entrevista para a imprensa no Festival de Veneza, quando apresentou o filme pela primeira vez.

Aliás, é esse silêncio violento que está presente no título, que dá nome à fazenda da família, também personagem da drama. Ambientado nos dias de hoje, Trapero (também de Leonera e Abutres) conta a história de duas irmãs que se reencontram depois que o pai fica doente. “Conhecemos Bérénice Bejo em Cannes, quando Pablo era jurado”, conta Martina Gusman, mulher do diretor. “Ele achou que éramos muito parecidas e desde lá teve a ideia de escrever um filme pra nós.” E fez: Eugenia mora em Paris, não vê a família faz tempo e chega em Buenos Aires para ver seu pai. Mia mora na Argentina com os pais e enfrenta as questões da família mais de perto.

Cheio de revelações no decorrer da narrativa, vamos conhecendo os segredos, as questões mal resolvidas, a poeira debaixo do tapete e a força do matriarcado. “Tudo é visto do ponto de vista das mulheres do filme”, diz ele. De fato, além das atrizes, a outra ponta é feita por Graciela Borges (também em Viúvas, Dois Irmãos), ícone do cinema argentino que carrega nas costas todas as chaves para entender os dramas da família. E seus silêncios, antes de mais nada.

 

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