Opinião

Preste bastante atenção nos detalhes de O Cidadão Ilustre. Filme bom é assim, vai crescendo, se formando e se transformando. Cheio de situações caricatas – e você só consegue entender tudo isso na última cena. Perspicaz esse diretor Gastón Duprat, também no ótimo O Homem ao Lado, sobre a estética que desumaniza as pessoas.

O astro é o ator argentino Oscar Martínez, que fez um dos quadros de Relatos Selvagens. Ele é Daniel Mantovani, um escritor famoso, ganhador do prêmio Nobel de literatura, que já não vê graça no suposto glamour que a fama lhe dá, nem às viagens ou prêmios. Entediado com tanta pararicação, recebe um convite para visitar sua cidade natal na Argentina, onde será condecorado como Cidadão Ilustre. Ao invés de ir aos compromissos chiques mundo afora, vai pra cidade do interior, provinciana, atrasada e cafona.

Mantovani encontra velhos amigos e amores, faz desafetos, diz o que pensa, causa confusão e o que era pra ser só algo diferente e curioso, termina bem mais agitado. Falar mais, é spoiler. Vou deixar como está. O bacana do filme justamente o talento de contar uma história que beira a caricatura, mas que te envolve até o último segundo. Cinema bom, delicioso de assistir, prato cheio pro café que sempre vem depois!