O DUBLÊ DO DIABO – The Devil’s Double

Cartaz do filme O DUBLÊ DO DIABO – The Devil’s Double

Opinião

De que diabo estamos falando? Que ainda por cima tem dublê? Todo mundo conhece ou já ouviu falar das famosas – e lendárias –  histórias sobre o clã violento e perigoso de Saddam Hussein. Quem ousa contestar? O que a gente ouviu durante os anos em que foi ditador, em que circulava pelo bem bom do mundo árabe e europeu, em que manda soltar e mandava prender quem quer que fosse, que fazia guerra quando bem intendesse não foi pouca coisa. Não importava contra quem, mas era do contra – curdos, iraquianos, americanos, kwaitianos e quem mais aparecesse pela frente.

Tal pai, tal filho, literalmente. É do “diabo-filho” que estamos falando, de Uday Hussein, filho sádico, maldoso, alcóolatra, drogado, promíscuo e assassino de Saddam Hussein, que esbaldou-se com mulheres, drogas, carros, excessos de todos os lados durante o tempo em que seu pai reinou solto pelo Iraque. Isso tudo é contato pelo ponto de vista de Latif Yahia, um rapaz que estudou com Uday e, pela semelhança física, foi selecionado por ele para ser seu dublê, seu sósia. Ou seja, para correr perigo em nome de Uday, obviamente sem ter tido a opção de dizer não. Latif é quem conta essa experiência em livro quando consegue fugir da vista da autoridades iraquianas e dá a sua versão dos fatos.

Eu ressalto dois pontos: o primeiro, e fundamental, é a atuação de Dominic Cooper (também em A Duquesa, Educação, Sete Dias com Marilyn) como Latif e Uday. Ora bom moço, inconformado com tanta maldade; ora um assassino sádico e extremamente perigoso. Tem alguns excessos, mas não saberia dizer que ficou por conta das lentes do diretor e da liberdade do ator, ou se realmente retratam a verdade. Acho que jamais saberemos – ainda mais agora, que o reinado virou pó. Mas convence dos dois lados e se mostra competente. Outro ponto é a história em si – que embora possa ter algumas distorções, é inacreditável. Algumas cenas, como as emboscadas e os enfrentamentos entre os sósias, são boas; outras me soaram desnecessárias, como a violência sexual – que já está absolutamente explícita na sua atitude. No fim das contas, acho que essa violência exarcebada – não só física, mas também moral – me cansaram um pouco. Menos teria sido mais. No entanto, é interessante – e no mínimo curioso, para quem tiver estômago para aguentar tanta maldade – entrar nos palácios iraquianos, espiar pelo buraco da fechadura e ver quantos “Saddams” havia por lá, rindo à toa.

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