OH LUCY!

Cartaz do filme OH LUCY!

Opinião

O cinema japonês é uma joia e conta histórias de pessoas comuns como poucos. Oh Lucy! vai ainda mais fundo. Toca na solidão, que parece ser o grande mal neste mundo tão conectado, e dá à afetividade, representada pelo abraço, o poder de refazer as pazes consigo mesmo e com o mundo.

Oh Lucy! fez parte da semana da crítica do Festival de Cannes em 2017 e tem força levantar o questionamento sobre como andam as relações entre as pessoas. Setsuko tem uma vida monótona e previsível em Tóquio, e sua sobrinha a convence de fazer uma aula de inglês que tem um método todo diferente. Ela ganha um nome americano, Lucy, e o método do aprendizado reforça que o inglês americano é afetivo e que, portanto, os abraços são muito bem-vindos. Retraída, Setsuko fica cismada, mas o afeto demonstrado pelo professor, mesmo que dentro da metodologia, desperta nela sentimentos que ela nunca tinha experimentado. É o gatilho pra se lançar numa aventura pela Califórnia e sua vida nunca mais será a mesma.

Oh Lucy! mostra a presença do suicídio na sociedade japonesa como solução para interromper o sofrimento causado pelo isolamento e pela solidão. Uma vida de aparências, vazia e superficial, vai dando às pessoas olhos sem brilho, vidas sem objetivos. Lucy não sabe nem onde procurar o amor próprio – mas parece que o afeto é mesmo a única coisa capaz de traçar esse caminho de volta. Tocante e profundo – como tem sido o cinema japonês, com tanta sabedoria.

 

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