OS REIS DO MUNDO – los reyes del mundo
Opinião
OS REIS DO MUNDO está na prateleira que escancara a desolação dos jovens latino-americanos. É um soco no estômago, assim como outras obras que têm trazido este panorama de desesperança, perspectiva zero e uma violência que praticamente se justifica na saga inglória desses rapazes.
São meninos, vulneráveis e desfavorecidos. Órfaos sem referências que só contam uns com os outros — e com a lei das ruas. Até que um deles recebe uma boa notícia: finalmente ficou provado que ele é herdeiro de uma terra que pertenceu à sua avó. Abre-se uma possibilidade de pertencimento.
Os amigos, então, deixam Medelín e partem pelas montanhas colombianas pegando carona e fazendo do vandalismo e da falta de respeito o seu reino. A impressão que dá é de que os atores amadores representam a sim mesmos, com uma verdade cortante.Chamá-los de “reis do mundo” é uma grande ironia pra quem não tem nada, nem ninguém. Escondidos atrás das malandragens e delitos estão garotos carentes, sedentos por afeto e amor de mãe, por um lar. A cena em que são embalados por mulheres como se fossem bebês é emblemática do vazio imenso que existe nesta juventude sem esperança.
O que fica é o diálogo estreito e direto com sociedades que neglicenciaram durante décadas a educação. Toda uma geração comprometida se coloca na nossa frente sem meias palavras. Imperdível.
OS REIS DO MUNDO foi o vencedor do Festival de San Sebastián em 2022 e é o indicado da Colômbia ao Oscar.


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