SEMPRE EM FRENTE – C’MON C’MON

Cartaz do filme SEMPRE EM FRENTE – C’MON C’MON

Opinião

Joaquin Phoenix faz, desta vez, o papel de um homem comum. O que não quer dizer que seja alguém raso, sem questionamentos, muito menos um personagem plano. Seu Johnny de SEMPRE EM FRENTE é jornalista de rádio, boa gente, que tem um relacionamento distante com a irmã e está envolvido em um projeto intimista e profundo: entrevistar crianças pelo país perguntando o que elas pensam do futuro. E é justamente uma criança que vai mudar sua percepção das coisas e de si mesmo.

Mas não é uma das crianças entrevistadas. É alguém com laços de sangue, mas distante. Viv, sua irmã, tem que viajar pra ajudar seu ex-marido que sofre de uma doença mental. Como não tem com quem deixar Jesse, convoca o irmão pra tarefa. Johnny e Jesse não têm vínculo afetivo, mas o convite é pra irmos costurando, aos poucos, esse afeto, à medida que ele acontece no filme.

Johnny é doce, sensível, cuidadoso; Jesse é curioso, instigante, rápido. Embarcam juntos na viagem para entrevistar as crianças e o que se descortina é uma poesia em branco e preto (aliás, que fotografia!) sobre o amor entre sobrinho e tio (vide o filme Bar Doce Lar, com mesmo tema).

Bem mais profundas do que amor construído são as descobertas feitas no decorrer da jornada. A solidão de Johnny, o relacionamento com Viv, a morte da mãe, a tristeza do amor perdido aparecem entrelaçados aos medos, nas brincadeiras, na frustração, na alegria de viver de Jesse. Vão compondo uma colcha de retalhos capaz de colorir as vidas desconexas até então – e cobri-las pra nunca mais deixar.

C’MON C’MON  do título original se transformou em algo menos simpático, mas que remete ao movimento que sobrinho e tio fazem, de viver um dia por vez, apesar dos desafios. É genuíno. É filme sobre seres humanos de verdade, com suas questões e dificuldades, que entendem que ir em frente juntos é bem mais interessante.

 

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