SUBMARINO

Cartaz do filme SUBMARINO

Opinião

Antes de mergulhar nas profundezas de Submarino, é preciso dizer que quem dirige é Thomas Vinterberg. Aquele diretor dinamarquês responsável por filmes fortes, marcantes, dilacerantes como Festa de Família (em DVD) e A Caça (que passou na Mostra de Cinema de SP em 2012). Tem a mesma carga dramática das produções da conterrânea Susanne Bier em Depois do Casamento e Em Um Mundo Melhor, mas com aquela cara de realidade nua e crua, símbolo do manifesto Dogma 95, do qual é co-autor, ao lado do também diretor Lars Von Trier. Portanto, um cinema duro, sem fantasia ou maquiagem, a vida como ela é. Gosto disso, embora saia sempre do cinema com a sensação de peso e reflexão tão reais quanto aqueles que a vida normalmente nos impõe e só por vezes propõe.

Vamos ao mergulho fundo e sombrio. As primeiras cenas já são de arrepiar. Dois irmãos têm de tomar conta do bebê caçula, enquanto sua mãe se droga e embriaga pelas ruas. Somos logo transportados para a vida adulta dos irmãos, que é repleta pelo vazio, pela falta de sentido e objetivo, pelo descontrole. Errantes pelo mundo, só colocando em prática o isolamento, a carência, o desamor em que foram criados. Não há cenas de conforto, nem a menor pretensão por parte do diretor de dourar a pílula, de construir heróis. A vida é dura e pertence a pessoas comuns. A solidão é infinita.

Assista a Submarino se estiver naqueles dias em que uma reflexão sobre comportamento, educação, valores vai cair bem, assim como um bom bate papo com alguém bacana sobre o assunto. Se o clima estiver mais pra baixo, nebuloso e tristonho, melhor deixar para outro dia. Submarino mergulha lá no fundo da alma humana, onde ela praticamente se perde pelo caminho e esquece de deixar a guia para conseguir voltar à superfície. De tão real, é capaz de te levar também para as profundezas e impedir que você aprecie a beleza do filme. Apesar de ser tão cruel.

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