TETRO

Cartaz do filme TETRO

Opinião

“Não há espaço nesta família para dois gênios.” Com essa frase, um pai é capaz de mudar toda e qualquer trajetória na vida de um filho. Pensando em todos os aspectos do filme – e não são poucos – esse me impressiona particularmente, por tudo que essa atitude é capaz de causar. O que Tetro mostra, de uma maneira muito forte e intensa, são justamente essas consequências, personificadas em uma família de artistas: dois irmãos se reencontram depois de muito tempo e têm que lidar com essa lista enorme de ajustes deixados pela metade, de falhas de comunicação, de perguntas deixadas sem resposta.

Emocionalmente falando, o diretor Francis Ford Coppola (também de O Poderoso Chefão) inspira-se em várias experiências pessoais para compor essa família acomodada na sua perturbação: um pai brilhante, que sufoca o filho, que foge da família e se refugia em Buenos Aires para conseguir respirar – na Buenos Aires de La Boca e San Telmo, com toda a sua personalidade. Um irmão caçula que segue em busca do ídolo, do irmão mais velho, à procura da identidade da família, do resgate do passado para a construção do futuro. O presente é filmado em preto e branco, com muito jogo de luz e sombra, com múltiplas referências às artes, ao teatro, à música, ao cinema. Lindo. O passado, em quadros em cores, como se deslocados do tempo, mas não da consciência. Para arrematar todo esse conjunto, o trio de atores e seus personagens marcantes, fortes, determinados e, acima de tudo, humanos. Portanto, um filme lindo, plasticamente muito bem cuidado, emocionalmente intenso. E um final… grandioso.

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