TRASH – A ESPERANÇA VEM DO LIXO – Trash

Cartaz do filme TRASH – A ESPERANÇA VEM DO LIXO – Trash

Opinião

Se você não sabe quem é o diretor inglês Stephen Daldry, vai se lembrar dos filmes que ele fez. Todos têm uma abordagem sensível, emotiva, forte. São dramas que fogem do padrão de alguma maneira. Se você assistiu, não esqueceu. É dele o sensacional As Horas, o emocionante Tão Forte e Tão Perto, o impactante O Leitor e o musical Billy Elliot. Digo isso porque Trash – A Esperança Vem do Lixo tem essa pegada humanista e fala de dois fatores que nos diferenciam e nos tornam, realmente, seres humanos: a integridade e a capacidade de cultivar amizades.

E ainda por cima, é no Rio de Janeiro. A gente já conhece o lixão do Rio pelos documentários Lixo Extraordinário e Estamira – aliás, dois garimpos ótimos na locadora. Trash é ficção, mas de tão bem amarrado e real (porque a gente sabe que é assim mesmo), entramos no filme, no submundo, na vida da comunidade, na barbárie da polícia, na relação dos meninos que só querem fazer a coisa certa.

José Ângelo (Wagner Moura, também em Praia do Futuro e Tropa de Elite 2) aparece afoito e preocupado. Encurralado por policiais, joga sua carteira de cima do prédio, que cai num caminhão de lixo, que vai parar no lixão, onde trabalham catadores de material reciclável. Ao ver a carteira voar longe, o policial Frederico (Selton Mello, também em O Palhaço) sai em busca dela, como quem busca ouro. O porquê de tamanha importância, ficamos sabendo só no final – que é muito bom. Mas o bacana também é o desenrolar da trama, o envolvimento dos garotos, a relação do padre (Martin Sheen) e da voluntária Olivia (Rooney Mara, também em Terapia de Risco) com a comunidade, a relação de amizade e comprometimento que os meninos pobres e carentes desenvolvem com orgulho.

Quase sempre acho que os subtítulos são redundantes. Ainda mais para tentar explicar uma palavra tão presente na nossa linguagem. A gente fala em comida “trash”, em música “trash” e todo mundo entende. Dizer que “a esperança vem do lixo” é dar a sensação de que o dinheiro, que poderia estar ligado à carteira, é o mais importante do filme. Não é. O que Trash traz é a visão do improvável, é encontrar riqueza no lixo, mas principalmente aquela riqueza impalpável, de valores, princípios e alegria.

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