UN AÑO, UNA NOCHE – ONE YEAR, ONE NIGHT

Cartaz do filme UN AÑO, UNA NOCHE – ONE YEAR, ONE NIGHT

Opinião

Assistido na 72ª Berlinale _2022

Em novembro de 1995, o atentado à boate Bataclan em Paris deixou mortos e feridos, e causou pânico mais do que justificado. A história de Céline e Ramón vai além da experiência de estar ali naquela noite e ter sobrevivido. Ramón encontra na escrita a saída pra cura do trauma, publica um livro e é este livro que inspira UN AÑO, UNA NOCHE, do diretor espanhol Isaki Lacuesta.

Mais do que falar do atentado, da violência, da vulnerabilidade, a escolha é falar de como tocar a vida adiante agora que a dolorosa experiência faz parte da história de cada um deles. Como bem disse o diretor, os personagens estão mais preocupados em viver do que em sobreviver – e é isso que dá o tom da narrativa. Ramón Céline e Ramón reagem de formas opostas: ela evita o assunto, acha que precisa tocar o dia a dia, trabalhar normalmente, como se nada tivesse acontecido, inclusive como se ela não estivesse estado lá naquela noite. Ramón, por outro lado, se debruça sobre o trauma, vive intensamente suas memórias, entra em pânico, muda de trabalho, quer falar sobre isso o tempo todo. Os caminhos da cura são diferentes pra cada um e entender isso também ajuda a tocar adiante.

O título UN AÑO, UNA NOCHE é sobre essa noite que dura um ano, até que é processada pra que a vida siga adiante. Um relato que fala do processo terapêutico necessário pra lidar com experiências tão transformadoras. “É fundamental que sejam feitos filmes sobre memórias para que possamos falar dos traumas da humanidade depois”, diz a atriz Noémie Merlant, que faz uma Céline solar, ao lado de Nahuel Pérez Buscayart, que mergulha nesse recorte intimista e profundo do seu personagem, que sucumbe à dor, mas como forma de encontrar novamente a luz.

 

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