A GAROTA DE FOGO | Magical Girl

Cartaz do filme A GAROTA DE FOGO | Magical Girl

Opinião

Tenho dito com todas as letras – e torcido muito – para que A Garota de Fogo continue em cartaz. Nessas duas últimas semanas, quando me pedem dicas de filmes que valem seu ingresso, incluo este na lista, sem medo de errar. Se eu me arrisco, pergunto se a pessoa gosta de Almodóvar e a resposta é “sim”, então a chance de acertar o programa é 100%. A Garota de Fogo é do diretor Carlos Vermut, também espanhol, e tem um toque almodovariano inegável: personagens enigmáticos e enredo que se entrelaça na lógica do absurdo. Genial!

Foi o grande vencedor no Festival de San Sebastián em 2014 e é filme pra se ver duas vezes – pelo menos. Vermut é também roteirista e traça o fio condutor cruzando três histórias. Uma é a história título, da “magical girl” Alicia – uma adolescente que está com câncer, mora com o pai desempregado e quer um vestido de uma personagem de uma série japonesa que custa caríssimo. Para comprá-lo, seu pai resolve ultrapassar o limite do bom senso. A outra é a “garota de fogo” da canção-tema, Bárbara, que é um moça meio esquisita, que parece ser bipolar ou ter algum outro tipo de distúrbio mental, passa por problemas conjugais e também chega às últimas consequências para tentar se safar. Algumas cenas pinceladas aqui e acolá, vão juntando as duas narrativas numa terceira, do presidiário Damián, que tem medo de sair da cadeia. Mergulhamos numa teia de detalhes, de personagens complexos e muito bem construídos, chantagens e dependências sombrias.

O drama humano é forte, mas o mais impressionante é a frieza dos personagens – e, claro, como Vermut consegue fazer a gente acreditar nessa história de gente dissimulada e bem real – apesar da contraditória lógica do absurdo. Quando você vir, vai entender. Funciona como a razão da loucura ou o argumento do insano. Com a capa do cinema, fica tudo bem mais interessante.

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