A GAROTA DESCONHECIDA – La fille inconnue

Cartaz do filme A GAROTA DESCONHECIDA – La fille inconnue
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Opinião

Demorei pra digerir o último filme dos irmãos Dardenne. Fui com muita sede ao pote – sou fã desse cinema realista, nu e cru, social e político, humano no retrato mais seco que se pode ter das facetas humanas. É assim em A Criança; suaviza e emite uma réstia de otimismo na raça humana em O Garoto da Bicicleta, volta pro viés individualista e cruel da sociedade mercantilista em Dois Dias, Uma Noite; e vai ladeira abaixo naquilo que o ser humano ainda tem de esperança nele mesmo em A Garota Desconhecida.

No meu breve comentário no post sobre o filme no Instagram (@cinegarimpo), logo depois que saí da cabine de imprensa, digo que faltou realismo, aquele retrato da realidade que tanto me emociona nos seus filmes. Algo não me caiu bem – como se a falta de verossimilhança tivesse me incomodado demais. Depois que li a crítica do jornalista Luiz Zanin no Estadão, entendi o que eu realmente havia sentido. Jean-Pierre e Luc Dardenne preferem a fábula à realidade como a conhecemos. Constroem um personagem quase fictício: uma médica jovem, altruísta na essência, um dia não recebe uma paciente em seu consultório porque o horário de atendimento já havia encerrado. Ao descobrir que aquela mulher morreu logo depois, sente-se responsável e não sossega, genuinamente, até reparar o dano.

Não que as pessoas não possam ser tão boas assim. Pelo contrário, sou otimista. Acredito sempre. Mas ficou morno. Esforçar-se para encontrar a emoção na obra dos irmãos belgas, não combina. Sua obra é latente, pulsante, perturbadora porque toca fundo na alma. No que há de mais puro – e escuro. Normalmente não exige esforço. Ser inverossímil rompe esse mecanismo. E cansa. 

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