HOW TO HAVE SEX

Cartaz do filme HOW TO HAVE SEX

Opinião

HOW TO HAVE SEX ganhou o prêmio Un Certain Regard no Festival de Cannes e você já sabe que esta é uma categoria especial.Traz narrativas fortes e universais, que refletem visões de mundo que precisam ser encaradas. Jogam luz em situações invisíveis — ou naquelas que não queremos enxergar. Mas é preciso falar sobre isso e o tom aqui me lembra “Bela Vingança”, por precisar nadar contra uma correnteza forte e ligar contra uma violência normatizada e até banalizada.

HOW TO HAVE SEX, da britânica Molly Manning Walker, conta a história de 3 melhores amigas, todas de 16 anos, que tiram férias num balneário greco regado a baladas, sexo, bebidas e tudo mais que vem com o pacote. Mas nem tudo são flores nesta semana que seria dos sonhos. O rito de passagem pra vida como ela é bate de frente com o abuso, com a masculinidade tóxica e com a definição do que é o sexo com/sem consentimento. 

Mas o que mais impressiona é o silêncio acachapante de Tara. Passei o filme todo torcendo pra que ela conseguisse falar. Conversar. Expressar seu sentimento. Expor para as amigas sua dor. Chorar em alto e bom tom. Mas ela silencia e este é o grande valor de HOW TO HAVE SEX. Mostrar como o silêncio sufoca, como o mundo não acolhe, como a culpa e a pressão do pertencimento constroem frustrações e traumas imensos dentro de nós. Há muitas mulheres em silêncio com seus medos e traumas, sem saber que têm voz e podem usá-la.

Com um tom documental, aproxima de nós o olhar apavorado de Tara diante do assédio, da impossibilidade de reação, do medo de ser diferente do que a sociedade espera. Necessário e potente.

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