SEM AMOR – LOVELESS

Cartaz do filme SEM AMOR – LOVELESS

Opinião

Mais do que “sem amor”, Loveless é desamor. Porque são coisas diferentes. Algo sem amor é permeado pela indiferença, pelo tanto faz, pela sensação de algo ser invisível. Desamor, pelo contrário. Nada passa despercebido, tem ódio, raiva, irritação, agressão. Pais que não se doam ao filho, que é onde deveria haver amor incondicional, não se doam pra mais nada. Em inglês, é perfeito.

Pra completar, é do diretor russo Andrey Zvyagintsev, o mesmo de Leviatã – e isso significa que a paisagem da Rússia gelada, do inverno rigoroso, imprime uma frieza ainda maior no panorama das narrativas. Mas enquanto Leviatã ressalta mais o corporativo, a corrupção, a sociedade embrutecida pelo isolamento e solidão, Sem Amor ataca no coração familiar, ou melhor, no que ela teria de ter como essência pra ser família.

Zhenya e Boris estão se divorciando, não conseguem trocar meia palavra sem se agredir e o filho, Alyosha, no meio do tiroteio e da crueldade, está completamente sozinho, abandonado e sem rumo. Enquanto o casal se destrói mutuamente, um dia o garoto resolve não voltar da escola. O desaparecimento é físico, mas vai pra esfera do isolamento emocional, do egoísmo e das relações (des)construídas em desamor. Arrebatador. De cortar qualquer coração.

Concorre ao Oscar de melhor filme estrangeiro, levou o Prêmio do Júri em Cannes.

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