LEVIATÃ – Leviathan

Cartaz do filme LEVIATÃ – Leviathan

Opinião

Premiado com o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro, Leviatã também concorreu ao Oscar 2015 na mesma categoria. E fez jus à indicação: a produção russa é forte e multifacetada. Tem como eixo principal a vida privada de Kolya e, de quebra, aborda as profundezas corruptas da política russa, a podridão do comportamento humano e dos hábitos culturais da longínqua e gelada Rússia. Claro que a fotografia tem papel de protagonista e ajuda a construir a solidão e angústia que o filme tanto transmite.

Kolya vive uma crise intensa: está prestes a perder a casa que pertence à sua família por gerações, porque a prefeitura quer desapropriar suas terras que ficam à beira-mar, numa linda encosta desta pequena cidade. Apesar de brigar exaustivamente na justiça, vê seus esforços indo à pique quando já não tem recursos de apelação. No paralelo, há uma tensão permanente entre seu filho adolescente e sua jovem esposa, a corrupção é descarada, o suborno é moeda oficial. O clima gelado transporta para os relacionamentos uma frieza aflitiva, em que a bebida alcóolica está sempre presente – é quase que onipresente e onipotente.

Leviatã tem uma força opressora e uma tensão permanente. Ou ela vem da pressão política, da corrupta forma de fazer negócios, ou ela vem da cumplicidade do moroso e patético legislativo; vem das explícitas tentativas de suborno, ou da tensão familiar da perda; vem dos desentendimentos conjugais, ou da tristeza estampada nos rostos sem brilho. Não pense que se trata de um filme monótono. Trata-se de um filme triste, que retrata a realidade de uma sociedade embrutecida pelo clima, pelo isolamento, pela solidão e pelas relações sociais e políticas distorcidas e apodrecidas. É um mergulho no fundo do poço. Com muita classe e uma beleza nostálgica  – e gelada.

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