Opinião

Quem viveu os anos 80 sabe o que era Florianópolis daquela época. Cheio de argentinos. Câmbio favorável, com bem diz o casal Lucrecia e Pedro, que saem de Buenos Aires de carro pra passar as férias na ilha e fazem dos primeiros momentos do filme um road movie divertido – e bem característico de quem já andou por aquelas bandas alugando casas na temporada.

Numa crônica de vidas privadas – que ficam em suspenso -, Sueño Florianópolis fala de dois casais que já não são casais, um já se estranhou a tempos, outro está no processo de estranhamento e re-conhecimento. Em fase de avaliação do casamento, Lucrecia (Mercedes Morán) e Pedro (Gustavo Garzón, também em O Cidadão Ilustre) são psicanalistas e estão revendo a relação no momento em que conhecem Marco (Marco Ricca, também em As Duas Irenes) e Andrea Beltrão (também em Pequeno Dicionário Amoroso). Espaços vazios são preenchidos, sem que as relações sejam definidas.

Delicado e sensível, Sueño Florianópolis fala do momento dos filhos crescidos, das relações adormecidas e da individualidade que vem à tona com força pra derrubar barreiras. Realidade universal, por assim dizer.