VERMELHO COMO O CÉU – Rosso Come il Cielo

Cartaz do filme VERMELHO COMO O CÉU – Rosso Come il Cielo

Opinião

Já devo ter dito que os filmes que retratam histórias de vida reais me emocionam de uma forma especial. Quando assisti Vermelho como o Céu, não sabia que veria algo tão especial – este filme foi fruto de puro garimpo! Quem tem a sorte de ter à disposição todos os sentidos prontos para serem usados, muitas vezes não aproveita essa dádiva e restringe a sensibilidade ao que percebe pela visão. Quem não tem, aguça os sentidos para que o cheirar, o tocar, o ouvir e o falar o façam de fato sentir o mundo. É intuitivo, eu sei. Mas me emocionei com o fato de a história do garoto Mirco ser real e com o poder e a força transformadoras que têm a imaginação.

A beleza da vida do garoto que ficou cego aos 8 anos quando brincava com a espingarda do pai, está no fato de hoje ele ser um dos editores de som de cinema mais reconhecidos da Itália. Portanto um cego que entende de sons e que desde criança era apaixonado pelo cinema. Tudo aconteceu nos anos 70, na Itália que não admitia crianças com deficiência visual em suas escolas. Por isso, Mirco é enviado para uma escola especial em Gênova, longe dos pais e junto com outras crianças que pagaram o preço do preconceito e da mente estreita dos educadores italianos da época.

É nessa escola que ele vive a outra parte de sua infância, descobre que tem intactos os outros sentidos e que eles fazem a diferença na sua vida e na dos que estão ao redor. Descobre que a realidade está na imaginação e que tudo mais pode se adequar a ela, basta usar as ferramentas disponíveis e ter apoio de quem acredita que isso é possível. Aqui entra não só o professor que presenteia Mirco Mencacci com um gravador para que ele colete sons para sua peça de teatro, como também a família que, embora longe, se emociona com a realização do filho.

Na linha do cinema que quer fazer um filme realista, porém humanista, sensível, mas não piegas, Vermelho como o Céu é muito especial. Os sons são na medida para também ouvirmos de maneira especial; os passeios de bicicleta, para sentirmos o vento batendo na cara; e Mirco brincando no campo, para nos lembrarmos do cheiro que têm as coisas ao redor. E é como se desse realmente para sentir tudo isso.

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