A GANGUE – Plemya

Cartaz do filme A GANGUE – Plemya
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Opinião

Como as palavras são prescindíveis… foi a primeira coisa que eu pensei quando terminou o filme ucraniano A Gangue. Imaginem só um filme sem diálogos, só com atores surdos-mudos – amadores, diga-se de passagem – todo narrado com a linguagem dos sinais. Em ucraniano. E sem legenda. E acredite: as palavras não fizeram falta, tamanha a força da expressão, do cenário, do olhar e dos gestos dos jovens que compõem o grupo de alunos de um internato de surdos-mudos.

Não há um só movimento que passa despercebido. A partir da chegada de um garoto novato no instituto, ele sofre bullying, tem que se render ao apelo da tribo líder da turma, participar de roubos, fazer-se de cafetão das alunas, apanhar, e passar por tudo mais que é preciso para fazer parte do esquema e ser aceito. Sem uma só palavra. Até que se apaixona – mas a gente sabe que o amor também não precisa de palavras, assim como o ódio e a violência. Muito menos de legendas.

A linguagem do cenário formado pelos blocos típicos da era soviética – frios, sem identidade, sem diferença, cinzas, sem futuro impressiona. Assim como a juventude, um retrato perfeito. O clima frio, nebuloso, sem sol nem brilho também são personagens que ajudam a explicar a falta de gentileza, ternura e compaixão do jovem que não tem esperança. Vencedor da Semana de Crítica, Mostra paralela ao Festival de Cannes, o filme de Miroslav Slaboshpitsky é de uma força impressionante. Fico pensando quanta gente não terá a chance – nem a curiosidade – de assistir a este filme. Mas se você tiver, não perca. Chega a ser indigesto, incômodo, real demais que chega a machucar. Mas vale a pena pela dimensão humana – ou o contrário, pela falta de humanidade a que chegamos. De novo o tema da juventude desesperada. Vale seu ingresso, definitivamente.

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