CHÉRI

Cartaz do filme CHÉRI

Opinião

Embora ambientado nos anos da Belle Époque, em que Paris era indiscutivelmente o centro intelectual, cultural e social do mundo, Chéri fala do mundo de hoje. Relembrando a linda adaptação de época feita em Ligações Perigosas, de 1988, o diretor Stephen Frears conta novamente com Michelle Pfeiffer e com os adereços, figurinos, modos e costumes de uma época, para falar da mudança e da permanência dos tempos.

O que reveste e dá sentido à cortesã Lea (Pfeiffer), anos antes de a Primeira Guerra varrer todo e qualquer sinal de glamour da Europa, é a imagem que ela constrói de si mesma, do seu ofício, da sua razão de ser. Ela vive do culto à beleza, à juventude, à aparência, até apaixonar-se por Chéri (Rupert Friend), filho da personagem feita pela sempre ótima Kathy Bates. Muito mais jovem, Chéri traz a juventude de volta à vida de Lea, mas a entrega ao amor faz com que ela tenha que, definitivamente, olhar-se no espelho.

Atualizado, não? Embora ainda bela e desejada, Lea tenta se agarrar à juventude do outro, como uma tábua de salvação, como se fosse o passaporte para a eterna beleza. Aqui, o que se vê é uma mulher atônita, boquiaberta diante da sua própria imagem, que não é capaz de se reconhecer. As marcas do tempo e da tecnologia aparecem nessa tomada final. O filme cuida da estética e fotografia para falar do culto atual ao corpo e à beleza. Pelo visto, culto de todo o sempre. O que em alguns momentos fica um pouco monótono enquanto roteiro pode ter sua razão de ser nesse cuidado com a forma. São ideias que se perpetuam, mas a imagem, jamais.

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